Aos 91 anos, morador de Icaraíma realiza o desejo de voltar a estudar
O senhor Pedro Américo, de 91 anos, está realizando o sonho de estudar e de quase concluir o ensino médio, depois de vários anos sem frequentar uma escola. Ele é morador de Icaraíma e cursa o programa de Educação para Jovens e Adultos (EJA) no Colégio Estadual Desembargador Antônio Franco Ferreira da Costa, no período noturno.
A perseverança e determinação de Américo chama a atenção de alunos e professores. A professora Silvana dos Santos ministra a disciplina de História para a turma do idoso e ressalta o exemplo que ele é para outros alunos.
“O Américo é esforçado. Já fez tudo o que tinha que fazer na vida, criou os filhos...acho admirável ele se dedicar a estudar agora, quando ele poderia descansar. Ele é prestativo, não costuma faltar, conversa bem e, inclusive, conta histórias emocionantes antigas em sala de aula. Como sou professora de História, às vezes o Américo interage para contar como foi que ele viveu determinado período e ele se dá bem com os mais jovens”, diz a professora.
É fato que com a idade que possui e já aposentado, Américo poderia mesmo aproveitar a boa saúde para descansar. Mas, ficar no ócio não agrada muito o idoso. Foi essa uma das motivações que o fez ter vontade de concluir os estudos. “Eu sempre tive vontade de estudar, mas não tive oportunidades. Quando eu tinha uns 18 anos meu pai ‘arrumou’ um professor para dar aula para mim e meus irmãos. Mas na época era complicado, eu trabalhava demais. Então abandonei essa ideia por um tempo”, conta Américo.
Viúvo, pai de sete filhos, 13 netos e cinco bisnetos, foi em 2018 que Américo voltou a estudar pelo EJA. Antes, porém, aos 76 anos ele começou a dar os passos iniciais, cursando o Ensino Fundamental. Foi nesse período que Américo aprendeu a ler e escrever.
“Depois que aprendi, comecei a pegar jornais e livros para ler. Mas não consegui terminar os estudos na época. Só agora que voltei”, ressalta Américo.
O idoso ainda tem o sonho de cursar Direito após o ensino médio. “Quero ser promotor de justiça”, alega Américo, que já tem parentes e inclusive filhos que atuam nessa área. “Vejo eles fazendo as funções e tenho vontade de um dia ser um promotor também. Mas, vamos ver, quando eu terminar o ensino médio, se eu tiver saúde boa para tentar uma faculdade, quem sabe?!”
Hoje, na sala de aula, Américo é querido pelos companheiros de classe. Até pelos mais jovens. “Eu falo bastante, então gosto de contar histórias. Tem vezes que eles vêm me pedindo para contar tal coisa e eu gosto de estar no meio da juventude”, comenta Américo, aos risos.
Para a professora Silvana, o idoso deve ser visto como uma referência para outras pessoas que sentem o desejo de estudar. “Nunca é tarde, tem que se esforçar, correr atrás. Eu só estudei depois de casada, então nunca é tarde para aprender. E o caso do Américo também comprova isso”, finaliza a professora.
Fonte:Obemdito