Pai de grávida ferida na cabeça há um mês não entende o que motivou tiro
Há um mês, Paulo Vilas Boas recebeu a pior notícia da vida. A filha Thaysa recebeu um tiro na cabeça dentro da própria casa em Tapejara, na região noroeste do Paraná. Paulo, que é motorista de ambulância da prefeitura, foi o primeiro a chegar na residência onde os filhos moravam e a socorrer a filha. Ele foi avisado pelo filho e quando chegou no local só encontrou a jovem caída no chão, não havia mais ninguém no imóvel.
Mesmo visitando diariamente a filha no hospital, Thaysa está internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Norospar, em Umuarama, em coma, o pai ainda não entende porque ela está nesta situação. “Parece que é mentira. Não acho palavras para descrever o tipo de sentimento que sinto. Parece que engoli uma bola de fogo e fica queimando por dentro. É desesperador”, relata.
No dia 11 de julho, Thaysa, que estava grávida de sete meses de uma menina, estava em casa se preparando para ir a uma consulta do pré-natal quando foi atingida por um tiro na cabeça. A situação ocorreu por volta das 12h40. A jovem foi levada para o pronto-atendimento municipal, mas só chegou ao hospital em Umuarama três horas depois.
Os médicos realizaram uma cesárea, tiraram o bebê, mas a criança não resistiu e morreu três dias depois. Segundo o hospital Norospar, ademora na transferência da paciente prejudicou o estado de saúde da criança.
“Acompanhei a minha filha no Pronto Atendimento, gritava com a equipe médica para tirar o bebê da barriga da Thaisa, mas eles não podiam devido a protocolos e por falta de equipamentos necessários para atender bebês prematuros. O Samu na cidade não tinha uma ambulância de suporte avançado e teve que vir uma de Umuarama. Mas, demorou muito. Isso prejudicou o estado de saúde da minha netinha, quem sabe ela poderia estar viva”, lamenta Paulo Vilas Boas.
De acordo com o hospital Norospar, Thaysa está em quadro gravíssimo, respirando por ventilação mecânica e fazendo uso de drogas vasoativas para regular a pressão. Uma traqueostomia foi realizada para melhorar a respiração.
“Os médicos dizem que o estado é gravíssimo, mas acho que o estado de saúde dela melhorou. Não está mais inchada, está magrinha e muito bem cuidada. Considero que pela gravidade do caso é um milagre. Já transportei pacientes nessa situação que não resistiram”, diz o pai de Thaysa, Paulo Vilas Boas.
Inquérito prorrogado
Um mês depois do acidente, o delegado Gabriel dos Santos Menezes decidiu prorrogar por mais 30 dias o prazo de entrega do inquérito do caso. Segundo a Polícia Civil, dez pessoas já foram ouvidas e há duas linhas de investigação. Como as investigações estão sob sigilo, não há informações sobre nome dos investigados ou quem atirou. Ninguém foi preso até agora.
O pai da jovem também não sabe o que aconteceu na casa no dia do tiro. Afastado do filho há muitos anos, nesse último mês ainda não o encontrou para conversar sobre o que ocorreu na residência. A ex-mulher e mãe de Thaysa mora e trabalha nos Estados Unidos e, por decisão conjunta da família, não virá para o Brasil até o estado de saúde da filha melhorar.
“Nós conversamos e como a minha ex-mulher está doente ficará mais um tempo nos Estados Unidos. Neste momento, só conseguimos visitar a Thaysa por 20 minutos, nem nós temos o que fazer. Então, eu, a vó e tia da Thaysa falamos para a minha ex-mulher não vir”, explicou Paulo.
Fonte: G1 Paraná